As formigas e as oliveiras

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Praga chave na olivicultura brasileira, as formigas causam grandes danos na formação e condução do olival impactando diretamente a produção

Praga chave na olivicultura brasileira, as formigas causam grandes danos na formação e condução do olival impactando diretamente a produção

As formigas estão no topo das atenções voltadas ao manejo das oliveiras no campo e estão diretamente relacionadas com a maior porcentagem de perdas durante a formação do olival. É considerada a principal ameaça entre todas as pragas que atingem os olivais, causando grandes prejuízos como a substituição consecutiva das plantas devido a ataques frequentes. Concentram-se em dois gêneros Atta spp. (saúvas) e Acromyrmex spp. (quenquém) e possuem diversos métodos de controle que vão desde a utilização da cal virgem até a termonebulização com formicida e diesel. 


 

Alvo constante das reclamações por parte dos produtores, as formigas causam grande preocupação nos olivais. É comum as manifestações de que não havia formigas na localidade e após o plantio apareceram em grande número ou mesmo que, se não quer que elas ataquem determinada cultura agrícola, plante oliveiras nas proximidades para atraí-las. Fato é que o seu controle exige uma rotina de inspeções e aplicação constante de insumos, principalmente nos primeiros anos do olival.

O gênero mais comumente encontrado nas propriedades é o Atta spp. (saúvas), com atividade concentrada no período diurno, podendo apresentar grande número de olheiros e maior população. A rainha pode viver de 20 a 30 anos. Já as formigas do gênero Acromyrmex spp. (quenquém) possuem maior atividade no período noturno, com menor população e quantidade de olheiros. É típico encontrar na entrada do ninho a presença de restos vegetais como palhas de capim e ciscos. 

Vale lembrar que as formigas se alimentam de fungos cultivados dentro dos formigueiros por meio da coleta das folhas e outras partes da planta. A principal diferença entre as saúvas e as quenquéns é que as saúvas apresentam 3 pares de espinhos no dorso do tórax, enquanto as quenquéns apresentam 4 ou mais pares de espinho.

  

É comum observar nas operações de um olival o emprego de funcionários para ações de controle das formigas cortadeiras, seja de forma preventiva ou combativa, por meio de equipamentos como o pulverizador costal, termonebulizador, polvilhadeira e outros mais. Estas ações também podem contar com o apoio de veículos motorizados como o quadriciclo, microtrator, carro e até mesmo com a utilização de cavalos para facilitar no transporte para a inspeção das áreas.

 

Os mecanismos de controle das formigas cortadeiras podem ser divididos em dois agrupamentos, sendo o primeiro voltado a proteção individual da oliveiras e o segundo para a proteção geral do olival. Dentre os diversos produtos encontrados no mercado para a proteção individual das plantas podemos destacar a utilização da formifita que é fixada no caule da oliveira, com material composto de polietileno e espuma. Já os limitadores são utilizados ao redor da base do caule e podem ou não conter graxa ou pasta formicida. Temos também a tradicional garrafa pet que é comumente utilizada como limitador na base da oliveira ou fixa na parte média do caule. A utilização da pasta formicida pode ser encontrada com aplicação direta no caule ou nos limitadores físicos.

 

 

Os produtos de proteção individual possuem aspectos positivos e negativos, seja com relação a ações prejudiciais às plantas ou inviabilidade econômica. Podemos destacar a boa eficiência dos limitadores utilizados nas oliveiras, porém os mesmos podem causar anelamento do caule, abrigar pragas, propiciar o surgimento de doenças e esconder ramos ladrões, principalmente quanto a utilização de canos PVC ou garrafas PET. A pasta formicida em suas diversas formulações também podem causar danos às oliveiras, como reações negativas no caule das plantas mais novas durante a formação do olival, podendo levar à morte da planta. 

  

 

O controle coletivo das formigas no olival deve ser iniciado antes mesmo do plantio das mudas, com atenção redobrada no primeiro ano de formação e consecutivas inspeções ao longo da vida das oliveiras. Nesta metodologia são utilizadas inicialmente iscas granuladas com formicida a base de fipronil e sulfluramida, sendo os ingredientes ativos mais utilizado dentre outros. Seu emprego visa a eliminação dos ninhos através das trilhas ativas. Já os formicidas concentrados com poder repelente como o regente e Singular Br devem ser aplicados nas linhas e entrelinhas do olival e são altamente eficientes, possuindo efeito residual capaz de permanecer no solo de 3 a 6 meses. Já o pó formicida, comumente formulado com o ingrediente ativo deltametrina é aplicado nos ninhos localizados por meio da bomba polvilhadeira. 

 

Os produtos de ação coletiva possuem maior eficácia quando comparados aos de proteção individual, porém podem possuir fatores negativos quando na ausência do acompanhamento técnico especializado. Aplicações excessivas, dosagens não recomendadas e metodologias inadequadas podem levar ao aumento da resistência das formigas, contaminação do meio ambiente, intoxicação do aplicador e a morte das abelhas. 

O controle alternativo agroecológico das formigas cortadeiras também é uma opção para o agricultor, embora apresente menor eficiência quando comparado aos métodos tradicionais, ele pode ser efetivo e é a principal forma de se combater estes insetos nos olivais com certificação orgânica. O plantio de espécies vegetais tóxicas às formigas como o gergelim e mamona podem ser adotados, visto que são plantas evitadas pelas formigas devido a presença das substâncias ricinina e sesamina, consecutivamente. Outra forma adotada na agricultura orgânica é a utilização da cal virgem que é diluída e aplicada diretamente nos olheiros das formigas cortadeiras. Há outras metodologias utilizadas na agricultura orgânica como a utilização dos limitadores, óleos e outras substâncias.

 

A Nova Oliva reforça sobre a importância do acompanhamento técnico especializado do olival, com o controle efetivo das formigas cortadeiras e utilização responsável dos insumos agrícolas. As oliveiras devem conviver em harmonia com o meio ambiente e todos os protocolos adotados devem ser direcionados ao controle e não ao extermínio das espécies.

 

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